lirik lagu nocas infinito – a esquerda esquecida
[verso 1]
1867, data do seu berço
um livro controverso catalisou o seu começo
contexto temporal, pós revolução industrial
crescimento exponencial da desigualdade social
êxodo rural, concentração populacional
miséria salarial, exploração laboral
ela foi o santo graal para milhões de oprimidos
-n-lfabetos submissos, pelo trabalho embrutecidos
nela viram um motivo para sonhar e acreditar
que era possível alcançar uma sociedade exemplar
irredutível na defesa da dignidade humana
onde a procura da felicidade se tornaria soberana
a mais pura esperança nos olhos de uma criança
por não ver o seu futuro tresp-ssado pela ganância
a natural ânsia por equidade e justiça
essencialmente espiritual, ela vai além da política
ainda está presente em quem a sente
gente altruísta, benevolente, com o bem comum em mente
cooperação, entre ajuda
dar tudo pelo próximo mesmo que a relação não seja mútua
n0bre conduta de luta e resistência
perante a avareza, a tendência egocêntrica
do capitalismo, a sobrevivência do mais forte
ela é o suporte dum cidadão abandonado à sua sorte
a luz no fundo do túnel, por trás da locomotiva
ela não é individualista, a sua mística é colectiva
sem a ridícula obsessão materialista
proporcionar o essencial de uma forma gratuita
saúde, educação, habitação e energia
devolvidas a quem cultiva as s-m-ntes da economia
tu imagina o que seria um outro modo de vida
se a diária subsistência já estivesse garantida
mas ela foi difamada, apelidada de utopia
raptada por ditaduras com a sua simbologia
envenenada pela cobiça e oportunismo
gente sem o mínimo sentido de compaixão e humanismo
e -ssim chegamos a isto, somos plástico no lixo
talvez seja um eufemismo, mas é aquilo que eu sinto
cegos, entretidos, à espera do paraíso
num inferno sem progresso e desprovido de espírito
[refrão x2]
tempos sombrios, o egoísmo governa
a simbiose fraterna perdeu-se nesta nova era
cada um por si, sem compaixão nem empatia
é o resultado de uma esquerda esquecida
[spoken word – joaquim granja]
sim filho…palavras sábias as tuas
tu és meu filho
mas eu…sou o filho órfão
de uma liberdade conquistada
que não serviu de nada
eu sou o filho órfão
de uma esquerda esquecida
que não me deu a vida
não sou homem de qualquer fé
e renego a falta de paixão
eu pertenço aos que vivem de pé
e não aos de joelhos no chão
sou o irmão solidário
dos que fazem esse futuro
do viver e do ar mais puro
mas sou o pai confiante
de uma orgulhosa herança
onde deposito toda a esperança
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