lirik lagu ordem natural - dia de caça
[verso 1: gato congelado]
enquanto a impunidade toma conta da cidade
eu venho me espremendo entre a realidade e o irreal
no bolso um real só em moedas
vários pra aplaudir minha queda
um descuido na sua vida e logo caem de paraquedas
não sabem o quanto eu ganho
já sabem o quanto eu devo
falam das pingas que bebo
sem ver os tombos que levo
as coisas que relevo são as coisas me elevam
a serenidade que me apego meus olhos não negam
me querem em uma bandeja de prata
e farão o que puder pra lucrar até com a minha carcaça
se o dia for de caça me garanto sem trapaça
conheço a diferença de uma corda e uma gravata
e tem quem nasce de gravata e ainda se enforca
vive cuidando da vida alheia e não se toca
não consegue mandar uma rima que choca
estoca amigo cujo interesse é nas nota
ninguém me nota
nisso nisso mudo minha rota com poesias em série
enquanto o mundo as arrota só porque não as digere
minha paciência se esgota
comigo o caldo engrossa
porque não me adapto ao cardápio de rótulos que a maioria ingere
[verso 2: neto]
só desacata o que difere
não me insere nesse nicho, irmão, irmã
por onde man feri man
tento manter minha mente sã, coluna ereta
frente a quem me lança a seta
em dias onde pássaros voam e a gente não…
dou asas a imaginação ao divagar a solidez desse saber
que e só sentir, e só seguir… extensão daqui…
mesmo com o vendaval limpei o quintal e eis-me aqui
mais um na m-ssa, em outro pleno dia de caça
caço a mim mesmo
traço os p-ssos dessa busca
até quando a penumbra ofusca, e erro o alvo
com a sola no piche eu sigo
eu comigo, minha mente e o melhor abrigo
vejo os que se vão, percebo
a p-ssagem é breve
meu caminho leva a verve
quem te escreve – gestério
me apresento, parte do mistério
prazer, só me de a comida e me deixe crescer
e sigo a saga da utopia do sonho que não é consumo
na verdade acho o conforto pro corpo torto que aprumo
tudo muda e ninguém nota
faz sua cota na corrida que faz esquecer da rota
me diz, qual seu rumo em babylon?
onde se cava a própria cova
quando um sente o quanto pesa o senso se põe a prova
-ssim que é…
o chão brota abaixo do pé, amigo…
dei ouvidos ao silêncio e o vento fez todo o sentido
sopra…
[verso 3: lumbriga]
eu sou você, você sou eu
toda fragilidade que enxerga em mim
está contida em você
nessa cê se fudeu
mesmo canhoto, servimos aos mesmo deus
tão e n0bres e plebeus não mudam em nada
se o coração é duro e corta como a espada
a luz do breu é quem ilumina a caminhada
e todo chão de ilusão esvai…
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