lirik lagu o rappa - reza vela / norte nordeste me veste
[intro: marcelo falcão]
eu queria chamar no palco diretamente de fortaleza, ceará
oxente, um arriégua da porra
de o rappa pra rapadura
de rapadura pra rafinha
vem que vem queridão, deslancha com sua poesia
uma salva de palmas rapazeada
nordestino até o osso, oxe
[interlúdio: rapadura]
minhas irmãs meus irmãos, se -ssumam como realmente são
não deixem que suas matrizes que suas raízes
morram por falta de irrigação
ser nortista e nordestino meus conterrâneos
não é ser seco nem litorâneo
é ter em nossas mãos um destino nunca clandestino
para os desfechos metropolitanos
[refrão: rapadura]
ei nortista agarre essa causa que trouxeste
nordestino agarre a cultura que te veste
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
ei nortista agarre essa causa que trouxeste
nordestino agarre a cultura que te veste
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
[verso 1: rapadura]
rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste
sou rap agreste norte-nordeste epiderme veste
arranco roupas das verdades poucas das imagens foscas
partindo pratos e bocas com tapas mato essas moscas
toma! eu meto lacres com backs derramo frases ataques
atiro charques nas bases dos meus sotaques
oxe! querem entupir nossos fones a repetirem nomes
reproduzindo seus clones se afastem dos microfones
trazem um nível baixo, para singles fracos, astros de cadastros
não sigo seus rastros, negados padrastos
cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta
esses órfãos com precatas, basta! ninguém mais empata
meto meu chapéu de palha sigo pra batalha
com força agarro a enxada se crava em minhas mortalhas
tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez
garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês
exerce influência, tendência, em vivência em crenças destinos
se -ssumam são clandestinos se negam não nordestinos
vergonha do que são, produção sem expressão própria
se afastem da criação morrerão por que são cópias
não vejo cabra da peste só carioca e paulista
só frestyleiro em nordeste não querem ser repentistas
rejeitam xilogravura o cordel que é literatura
quem não tem cultura jamais vai saber o que é rapadura
foram nossas mãos que levantaram os concretos os prédios
os tetos os manifestos, não quero mais intermédios
eu quero acesso direto às rádios palcos abertos
inovar em projetos protestos arremesso fetos
escuta! a cidade só existe por que viemos antes
na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante
rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais
meto o norte nordeste o povo no topo dos festivais, toma!
[refrão: rapadura]
ei nortista agarre essa causa que trouxeste
nordestino agarre a cultura que te veste
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
[verso 2: marcelo falcão]
a chama da vela que reza
direto com santo conversa
ele te ajuda, te escuta
num canto colado no chão, as sombras mexem
pedidos e preces viram cera quente
pedidos e preces viram cera quente
a fé no sufoco da vela abençoada no dia dormido
o fogo já não existe ali saíram do abrigo
são quase nada
a molecada corre e corre e ninguém tá triste
a molecada corre e corre e ninguém tá
[refrão 2: marcelo falcão]
se tudo move, o prédio é santo
se é pobre, mais pobre fica
vira bucha de balão ao som de funk
e apertada tua avenida
a cera foi tarrada, não se admire
se tudo move, se o prédio é santo
se é pobre, mais pobre fica
vira bucha de balão ao som de funk e aperta tua avenida
an an an, a tua avenida, an an an
ta no céu não espere o tiro apenas mire
a cera foi tarrada
não se admire
[refrão: rapadura]
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
ei nortista agarre essa causa que trouxeste
nordestino agarre a cultura que te veste
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
[ponte: rapadura]
mais forte, mais forte, mais forte, nordeste-norte
mais forte, mais forte
eu digo oxe, vocês dizem oxente
oxe, oxente, oxe, oxente
eu digo arri, vocês dizem égua
arri, égua, arri, égua
eu digo o rappa, e vocês dizem dura
o rappa, dura, o rappa, dura
eu digo norte e vocês dizem nordeste
norte, nordeste, norte, nordeste
[verso 3: rapadura]
sou côco e faço cocada embolada bolo na hora
minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada
cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo
com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada
sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura
contenho poesia pura a fartura de rima tenho
desenho nossa cultura por cima e não por de baixo
não sabe o que é isso? isso é o rappa e rapadura
[refrão: marcelo falcão & rapadura]
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
ei nortista agarre essa causa que trouxeste
nordestino agarre a cultura que te veste
eu digo norte vocês dizem nordeste
norte nordeste, norte nordeste
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