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lirik lagu facção central - prisioneiro do passado

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[verso 1]
clareou meu alvará de soltura
não vou sair num caixão de lata ou de fuga
não precisei esfaquear o estuprador
e nem matar o maldito diretor
não fiz refém, a liberdade chegou
ei, carcereiro, abre as grades, faz favor!
não quero mais jumbo, consegui a transferência
sem triagem sem audiência
157, flagrante inafiançável
revolver, dólar, carro na bunda do advogado
mas ‘tá limpo, hoje é festa de um homem só
que entrou ser humano, saiu monstro sem dó
o sistema carcerário é frac-ssado, incompetente
transforma o réu primário em reincidente
só que comigo não, vou ser diferente
foda-se seu banco, gerente!
agora eu ‘tô livre, que deus me livre do preconceito
sei o preço do erro e o tratamento pra ex-detento
no brasil, uma vez no sistema carcerário
pra sempre presidiário

[refrão]
sou prisioneiro do p-ssado
eu tenho rotulo na testa: presidiário

[verso 2]
acordei era tipo quatro e meia da madrugada
comprei jornal, preenchi ficha e nada
faxineiro, ajudante geral; o que vier
por um salário por mês ‘tô rezando com fé
sou ex-detento – é, c-mpri pena
o boy não deixa nem limpar o chão da empresa
talvez não saiba esfregar uma privada direito
saí da cela, mas não fujo do preconceito
e que se foda se meu filho ‘tá com fome
a vaga foi preenchida, mas deixa aí seu telefone
sou ser humano também, só que reduzido
a número pro estado, a resto no lixo
candidato a mendigo do viaduto
bêbado, jogado num bar, doente e sujo
depois a madame chora com a faca no pescoço
é… e não quer o filho morto
emprego e confiança ninguém dá pra você
depois é “por favor, não quero morrer!”
no brasil uma vez no sistema carcerário
pra sempre presidiário

[refrão]
sou prisioneiro do p-ssado
eu tenho rotulo na testa: presidiário

vou fazer o que o sistema quer:
roubar um carro importado, a bolsa de uma mulher
ser outro preso com a camisa na cabeça
enfiando um estilete no refém, sem pena
invadindo a mansão, dando soco na vadia
“cadê o cofre?” 1,2,3 – é corpo na piscina
ninguém vê quando a luz de deus brilha no processo
sem estudo, profissão é sem sucesso
queria um trampo, recuperar o tempo perdido
mas esfregaram na minha cara meu artigo
deram motivo pr’eu ficar pior
pra meter bo, descarregar sem dó
madame, quando eu estiver matando o seu parente
por uma merda de relógio, se lembre
que aqui se c-mpre penas em distritos
que, em cela de dez, vivem quarenta indivíduos
não tem cursos que nos reintegrem a sociedade
só triplicamos maldade atrás das grades
madame, ajoelha, reza e é adeus
cadeia não regenera e o problema é seu!

[refrão]
sou prisioneiro do p-ssado
eu tenho rotulo na testa: presidiário


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