lirik lagu antropoceno - mantra do fogo
“nós fomos violados há muito tempo, mas ultimamente o estado e instituições patrimonialistas desencadearam uma retirada de direitos que afetam todos com atentados contra a dignidade e a manutenção da vida no planeta. temos hoje um governo enfraquecido, acorrentado às alianças e conchavos para se manter no poder, e ainda uma quantidade considerável de veículos de imprensa que fazem um papel sujo para o sistema dominante. vivemos em uma democracia distorcida. mas já são 524 anos de luta e resistência, e mesmo com a invasão de portugal, quando milhões dos nossos foram tombados, fomos catequizados e escravizados, proibiram a nossa língua e a nossa crença, usurparam nosso território, nos declararam extintos, roubaram nosso sagrado e calaram as nossas vozes.”
engole a cor do fogo!
devorando a fumaça, regurgito a terra
que apodrece das entranhas de cupuaçu
o grito carbonizado que ascende da floresta
é gosto de barro, o sangue que inunda o sul
ó doce seiva da floresta
por que inunda meu sangue de barro?
e percorre com o fogo do sol
a praia seca em que vai me largar?
ah, essa elite agrária vai nos matar
um por um, derreta ao seu papel de sul
essa fazenda é um grande lamaçal
o banho de sangue do ouro no sal
o fim do mundo nos chega através de herdeiros escravocratas
te queima, me seca, nos enche e consome a atmosfera
eu quero é ter tempo pra descansar
que morra sua ideologia de desmatar
de extrair a terra até o mundo acabar
nada se constrói, tudo se exporta
que essa economia quebre de uma vez
sua riqueza nunca chegou em nós
ela é o câncer que nasce em latifúndio
para instrumentalizar o apocalipse
“austeridade para todos
menos ao plano safra
deixe que morram todos
menos a nossa soja”
esse solo é fértil, aqui nada se cultiva
porque o ar já se transformou em nuvem tóxica
pra que o chão não se destrua até faltar água
sonho com reforma agrária, a necessito agora
respira, me distrai, que o mundo está em chamas
se todos morrerem não vai ter a quem explorar
desmata, extrai, exporta até não sobrar nada
eu ouço o mantra do garimpo que grila na fumaça
desmata, extrai, queima, exporta
desmata, extrai, queima, exporta
desmata, extrai, queima, exporta
desmata, extrai, queima, exporta
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